
A história de Nana Adusah poderia ser a de qualquer mulher que em Acra ou em Kumasi ganha a vida a assar fruta-pão nas ruas da cidade. Parecida com a banana mas maior e mais doce, esta iguaria local é preparada de diversas formas, em pratos e doces. No dia-a-dia, é comum vê-la assada, vendida à unidade, e frita, em pequenos pacotes em tudo semelhantes às nossas batatas-fritas.
Achámos curiosa esta notícia do Daily Graphic, jornal diário ganês, que abaixo traduzimos. A história de Nana é realmente única, mas estamos em crer que será muito semelhante à de outras mulheres ganesas. Sorriso será a palavra-chave associada a esta pequena notícia…
«Nana Amma Adusah é uma velha mulher de Bantana, na metrópole de Kumasi, que serve fruta-pão assada aos seus inúmeros clientes. É popular por uma razão: serve-os com um sorriso aberto.
Ela está neste negócio desde a sua juventude e continua a fazê-lo como única fonte de rendimento.
Apesar de não conseguir dizer a sua idade concretamente, fontes da família disseram ao Daily Gaphic que Nana Adusah tem cerca de 97 anos.
Ocasionalmente, ela também vende fruta, tal como laranjas, ananases, mangas e bananas, dependendo da estação do ano.
Nana Adusah, cuja entrevista nos foi dada em Akan [o maior dialecto local] e traduzida para inglês, disse: ‘comecei a assar fruta-pão há muito tempo atrás, já antes de ter dado à luz os meus dois filhos que, por acaso, morreram os dois, e, apesar da minha idade, tenho que continuar a fazê-lo. Isto porque não tenho quem me apoie financeiramente e porque não quero morrer à fome, tenho que vir para aqui todos os dias, servir os meus clientes e gerar algum rendimento para a minha subsistência.’
O negócio de Nana Amma Adusah situa-se em frente à casa de família, o que significa que ela tem de andar apenas alguns metros desde a casa até ao local onde trabalha.
Ela disse que estar na vida activa ao longo dos últimos 70 anos a tornou fisicamente forte e que a necessidade de sobrevivência a faz continuar, já que nunca teve qualquer problema com a sua visão.
‘Na altura, não tinha dinheiro para abrir um negócio que fosse lucrativo e como assar fruta-pão não requeria um grande investimento, comecei’, explicou. (…)
Questionada sobre a razão que a leva a continuar no negócio após mais de 70 anos a servir os seus clientes, Nana Adusah, que é de Apemanim, na região Ashanti, explicou que um dos seus netos, que era o seu ganha-pão, morreu misteriosamente em Abidjan ‘e isso agravou o meu desgosto porque neste momento todas as minhas crianças, que deveriam cuidar de mim, estão mortas; e com a morte do meu neto, Sam, há 11 anos, dependo unicamente de Deus para me dar força para poder continuar com este negócio, caso contrário, morro à fome. Não é um trabalho fácil, especialmente com esta idade, e espero que venha alguma ajuda de algum lado e de algum filantropo disposto a apoiar-me financeiramente para sobreviver, mas à falta de alguém que ajude, irei continuar a assar fruta-pão e a vender fruta até me juntar aos meus antepassados’, sublinhou Naa Adusah.
Fonte: Adaptado de «Daily Graphic», quinta-feira, 12 Fevereiro, 2009
1 comentário:
óóó que corajosa esta senhora! Será que não podiamos fazer uma iniciativa de angariação de fundos e doá-los à Nana? Se formos muitos... se calhar o que nós consideramos "algum" dinheiro, para ela é "muito"! Piu, dá aí uma noção de quanto é que ela precisaria, em euros, por dia para viver?
Beijinhos de Oeiras para ti, minha querida.
:)
Madalena M.
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